Reflexão sobre como os acontecimentos atuais afetam a vida dos grupos atendidos pela Div, no mês que a UnB completa 58 anos

     Neste ano, o início das atividades acadêmicas da UnB, como em todas as universidades, foi interrompido em decorrência da pandemia do Covid-19. As atenções da comunidade universitária se voltam hoje para as notícias sobre a situação da contaminação no Distrito Federal, no Brasil e no mundo, e para os decretos governamentais e comunicados da Reitoria. De alguma maneira, estamos todos/as, sem exceções, à mercê dos desdobramentos sanitários e econômicos que a situação nos impõe, agravada pela política neoliberal do atual governo, que restringiu radicalmente o orçamento para as políticas de saúde, educação e assistência social. Somam-se a este cenário, o aumento do desemprego e as restrições ao acesso a trabalho e renda que o isolamento obriga, resultando em ampliação massificada da pobreza. Portanto, é preciso considerar que os impactos da pandemia também têm variações de intensidade, na medida em que esta se depara com as desigualdades sociais, tão exacerbadas em nosso país. Considerando que tais desigualdades possuem cor, etnia e gênero (como apontam dados estatísticos), podemos afirmar que o público atendido pela Diretoria da Diversidade encontra-se, particularmente, afetado pelo contexto da pandemia. Negros/as, indígenas, mulheres e também várias pessoas LGBTs, que já se encontravam em vulnerabilidade na universidade, podem ter suas situações agravadas neste momento tão delicado. Temos tido notícias do aumento da violência contra as mulheres no contexto do isolamento social, bem como a sobrecarga de trabalho das mesmas com o cuidado de crianças, doentes e idosos. As populações indígenas e negra encontram-se desprotegidas, uma vez que a política de isolamento não as alcançam, pois, as pessoas negras, além de encontrarem-se em subempregos agravados com a crise, residem em locais sem condições de saneamento e são obrigadas a se locomoverem para os grandes centros em busca da subsistência, seja no trabalho informal, seja nas atividades operacionais terceirizadas. Os grupos indígenas, que já vinham sendo preteridos na política genocida do atual governo, alvos de ações criminosas, encontram-se vulneráveis no quesito saúde e política sanitária.

      Na UnB, temos um grande contingente de estudantes oriundos de regiões periféricas, muitas delas com presença reduzida ou total ausência da ação do Estado. Estamos falando também de estudantes de comunidades indígenas, quilombolas ou de assentamentos, que, muitas vezes, dependem da assistência estudantil (auxílio permanência, moradia, alimentação) para sobreviverem ou para permanecerem em Brasília; e somados a esses grupos, acrescentam-se mulheres e/ou LGBTs em situação de violência (doméstica e institucional), que necessitam de políticas específicas. São pessoas que, muitas vezes, encontram na DIV espaço de acolhimento, denúncia e convivência, e não podem ser esquecidos neste momento de suspensão de aulas. Assim, a Universidade de Brasília vem somando esforços para continuar servindo à sociedade com ações voltadas para o enfrentamento à pandemia. Por meio da Diretoria da Diversidade, a UnB tem atuado na continuidade do atendimento ao público negro, indígena, mulheres e LGBTs, dando sequência aos auxílios emergenciais, no atendimento remoto e encaminhamentos das demandas atendidas pelos/as servidores/as que, apesar de não fazerem o atendimento presencial, trabalham remotamente as demandas advindas de todos esses grupos, tendo em vista o compromisso da universidade não só com o acesso, mas com a permanências dos mesmos, até que concluam seus cursos. Nesse sentido, reafirmamos nosso compromisso com uma universidade comprometida com a diversidade e com a inclusão, colocando-nos a disposição para o atendimento à distância, sempre que necessário.

     O nosso compromisso é com a vida, com a inclusão, com o fim das violências e violações de direitos e com o combate às desigualdades sociais.