Exibição do filme "Reverón", dirigido pela cineasta venezuelana pioneira Margot Benacerraf. 

Os projetos Reverón - 70 anos e Mulheres latinas que fazem arte 2022 convidam a todas/os para a exibição do filme "Reverón", dirigido pela cineasta venezuelana pioneira Margot Benacerraf. A sessão faz parte da exposição “Reverón 70 anos", motivada pela comemoração de 70 anos da estreia do documentário, pouquíssimo acessado aqui no Brasil. Ocorrerá presencialmente, em 01 de dezembro de 2022, às 14h, no auditório da Faculdade de Comunicação.
Esperamos vocês lá!

 

SOBRE O FILME
Reverón (1952), média-metragem documental de aproximadamente 30 minutos, foi o primeiro filme da diretora venezuelana Margot Benacerraf. Dedicado à compreensão da obra do pintor que empresta nome ao filme, insere-se em uma movimentação feita por parte do cinema latino-americano, nos anos 1950, a qual tinha como objetivos o afastamento dos padrões hollywoodianos e levar a cultura e a realidade da região para as telas. Na década seguinte, desdobramentos desta movimentação formariam o Nuevo Cine Latinomericano, o que já seria suficiente para tornar Reverón um filme histórico, cuja circulação urge no presente. No entanto, a obra deve ser vista hoje também pela qualidade de suas imagens, pelo seu tema e pela sua linguagem, que dialoga em diversos elementos com o documentário contemporâneo.

Os méritos de Reverón não passaram desapercebidos à sua época, ainda que, por uma série de fatores, o filme tenha sido invisibilizado dentro da história do cinema latinoamericano. Além de premiado em seus país, foi exibido pelas Cinematecas Francesa e Belga (1953) e Argentina (1956), e nos festivais de Cannes, Berlim, Edimburgo e Sodre (Montevidéu) (1953), e Mannheim (1956). Tamanho êxito era extremamente incomum para o cinema latino-americano, ainda mais se considerarmos que: 1) era um filme de estreia; 2) foi dirigido por uma mulher; e 3) sua realização ocorreu fora da tríade Argentina, Brasil e México, responsável pela maior parte da produção cinematográfica na América Latina.

Sobre ele, André Bazin (1953) afirmou: “Como complemento do programa, um admirável e estranho documentário sobre um extraordinário pintor venezuelano, Reverón, que vive solitário, na companhia de imensas bonecas que ele mesmo fabrica. Este documentário revela uma jovem cineasta: Margot Benacerraf”. E Lotte H. Eisner (1953) escreveu, na revista Cahiers du Cinéma, que era outra importante instância de legitimação naquele momento: “Falemos mais de um Kulturfilm, como nos dizem os alemães, que já havia sido exibido na Cinemateca Francesa e que parece ser uma solução notável ao espinhoso problema do filme de Arte: ... ‘O pintor Reverón’ que Margot Benacerraf realizou na Venezuela, uma película alucinante, cheia de atmosferas, que evoca um estranho pintor e mobiliza uma matéria plástica que seria desejável em muitas outras obras sobre pintores”.

No ano em que Reverón completa 70 anos do seu lançamento, no Primer Festival Internacional de Películas de Arte (Caracas, novembro de 1952), convidamos universidades, cineclubes e cinematecas para, dentro das suas possibilidades, participarem de uma exposição curada pela professora e pesquisadora Nina Tedesco, com assessoria da própria Margot Benacerraf e de Milvia Villamizar, responsável pelo acervo da Fundación Margot Benacerraf, especialmente para a efeméride.

 

SOBRE A DIRETORA
Margot Benacerraf nasceu em Caracas, em 1926. Graduou-se na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Central da Venezuela e, posteriormente, estudou no Instituto de Altos Estudos Cinematográficos – IDHEC, em Paris. Além de Reverón, dirigiu Araya (1959), que, entre outros prêmios, ganhou o Prêmio Internacional da Crítica (FIPRESCI) e o Prêmio da Comissão Superior Técnica do Cinema Francês, no Festival de Cannes. Para além da realização fílmica, Benacerraf foi fundadora da Cinemateca Nacional, na Venezuela, e da Fundavisual Latina, vocacionada para a promoção do audiovisual na América Latina, em várias esferas. Atualmente, preside a Fundación Margot Benacerraf.

 

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