O Diretório Acadêmico Negro – Quilombo, fruto da articulação de estudantes negras organizadas, que em continuação aos movimentos negros da universidade, no passado e no presente, culminou na ocupação política e cultural realizada durante o último semestre de 2016, apresenta a toda a comunidade negra universitária a exposição “Mulheres, Arte e Beleza: faces além do uniforme”.
A demanda por espaços de representação política da comunidade negra da Universidade de Brasília - as irrisórias abordagens epistemológicas dos saberes afro-brasileiros, a describilização da já escassa produção intelectual acadêmica negra, das desumanizações exercidas sobre a mão de obra terceirizada que em sua maioria negra, esta fadada quase uma sina afrodescendente, na qual os postos de trabalho que ocupam são os menos valorizados e menos remunerados - demonstra que é insustentável limitar as discussões da “Questão Negra” na universidade apenas a coletivos, a grupos de pesquisa e a programas institucionais de políticas raciais.
A proposta de um Diretório Negro busca congregar as demandas políticas, econômicas e culturais que, inseridas na mesma estrutura racista institucionalizada, se complementam e se consolidam enquanto uma rede de articulação de toda a comunidade negra da UnB, do Distrito Federal, do Brasil e do mundo.
As mulheres, apesar de todo o modelo de sociedade moderna idealizada sob os auspícios do patriarcado, sempre estiveram em espaços de resistência e negociação de suas liberdades. A mulher negra no Brasil, invisibilizada pela história - esta tradicionalmente produzida por um corpo acadêmico composto em sua maioria por homens e brancos - e estereotipada, ora pela hipersensualização, ora pela ridicularização das mídias brasileiras - estas escandalosamente amarradas em um monopólio de informações e publicidade -, na atual conjuntura político-social ressurge nos espaços de conscientização do seu poder de luta e de militância.
Sabemos que numa sociedade, que vende e impõe uma beleza desbotada, de olhos azuis e manequins ultra magros, aprender a nos valorizar enquanto mulheres pretas LINDAS, cheias de história e de ancestralidade é mais uma parte do nosso avanço enquanto processo de construção da negritude. Trazemos nessa exposição o retrato das maravilhosas mulheres pretas que diariamente dão muito de seu suor e de seu trabalho para nos alimentar, e que muitas vezes não são enxergadas, valorizadas ou até mesmo humanizadas pela comunidade acadêmica. A maioria dos estudantes não sabe ao menos seus nomes e, assim que saem do restaurante já nem se lembra dos rostos que lhe servem.
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Somos pretas e coloridas. Somos lindas.
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